domingo, 14 de junho de 2009

LIVRO DE CANTARES DE SALOMÃO: UM CASO A QUESTIONAR

LIVRO DE CANTARES DE SALOMÃO: UM CASO A QUESTIONAR (ACRESCENTADO)

(ACRESCENTADO E DEFINITIVO, DOA EM QUEM DOER! PODE ROER AS UNHAS, CERRAR OS DENTES OU MORDER A LÍNGUA! A VERDADE, QUANDO VÊM À TONA, CAUSA ESTRESSE, MAS LOGO ISSO PASSA!)

Na verdade que eu sou mais estúpido do que ninguém; não tenho o entendimento do homem; não aprendi a sabedoria, nem tenho o conhecimento do Santo. Quem subiu ao céu e desceu? quem encerrou os ventos nos seus punhos? mas amarrou as águas no seu manto? quem estabeleceu todas as extremidades da terra? qual é o seu nome, e qual é o nome de seu filho? Certamente o sabes! Toda palavra de Deus é pura; ele é um escudo para os que nele confiam. (Livro de Provérbios).

O Livro de Cantares ou Cântico dos Cânticos, de autoria atribuída ao Rei Salomão, é considerado por cristãos e protestantes como sendo inspirado por Deus, inquestionavelmente.

Toda palavra de Deus é pura, mas temos que discernir o que é e o que não é palavra de Deus.

Assim como o Livro de Ester, Cantares de Salomão também não cita o nome de Deus.

O Livro de Cantares nem mesmo consta no grupo dos livros poéticos do Cânon hebreu. A separação dos livros dá-se em três partes, da seguinte forma:

I – Lei, ou Pentateuco, em cinco livros: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.

II – Profetas: os primeiros, Josué, Juízes, Samuel e Reis, e os últimos, Isaías, Jeremias, Ezequiel e os doze (profetas menores).

III – Escritos, ou Hagiógrafas: 1) Três livros poéticos: Salmos, Provérbios e Jó; 2) Cinco rolos: Cânticos (Cantares), Rute, Lamentações, Eclesiastes e Ester; 3) Três livros: Daniel, Esdras-Neemias e Crônicas.

O título em hebraico é Shir ha-shirim, isto é, Cântico dos Cânticos, ou cântico incomparável.
No Livro de cantares, o acréscimo “de Salomão” não consta no original. E a trama desse romance parece ser uma montagem, porque se misturam parte desse caso amoroso com partes de outros casamentos de Salomão, com outras esposas.

Os judeus possuem uma tradição de ler trechos do Livro de Cantares durante a festa da Páscoa, como referência ao Êxodo. Mas, isso faz parte da tradição cultural deles, não porque o livro seja realmente inspirado. Aliás, dizem que o costume de ler os Cânticos de Salomão foi porque o referido livro foi aclamado (ou recebido da parte de Deus) como sagrado justamente nos festejos da Páscoa.

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Ora, a erudição religiosa judaica rejeitou certos livros considerados apócrifos (não inspirados, proibidos, separados), e não os incluiu no Cânon das Escrituras Sagradas. Um exemplo é o Livro de Enoch. Também rejeitaram os escritos neotestamentários de Paulo, e até mesmo os Evangelhos.

Então, não vamos rejeitar também os escritos do Novo Testamento simplesmente porque os judeus os rejeitaram; da mesma forma, não deveríamos rejeitar o Livro de Enoch simplesmente porque os judeus não o incluíram em seu Cânon Sagrado.

No entanto, além dos 7 livros apócrifos inserido no Cânon da Igreja Católica Romana (Bíblia Católica), existem polêmicas quanto ao Livro de Cantares de Salomão, o Livro de Ester, partes do Livro de Daniel, Epístola de Tiago e o Livro do Apocalipse.

A maioria dos novos teólogos lê os livros da Bíblia com pensamentos preconcebidos, depois de terem lido interpretações tendenciosas de outros autores de renome. Bitolam-se em ensinos teológicos arcaicos, preconceituosos, e quando lêem os livros da Bíblia, simplesmente não conseguem ver nada de novo, não conseguem ter opinião própria, porque os “doutores” já disseram que é assim, que é assado... Só que eles esquecem que esses “doutores” (pais da igreja) também tiveram idéias preconcebidas, preconceituosas e tendenciosas. Historicamente o povo cristão católico e os protestantes sempre agiram com atitudes preconcebidas, preconceituosas em relação ao povo judeu, e foram responsáveis pela morte de milhões de judeus durante a Era Cristã. Até mesmo no século XX houve maciça perseguição contra os judeus. Atualmente, algumas igrejas protestantes tentam se redimir do grave erro, demonstrando carinho e atenção pelo povo judeu; algumas fazem orações e intercessão por esse povo; outras chegam a ostentar a bandeira de Israel nos púlpitos dos templos. Só falta agora cantar o hino nacional de Israel. Para esses, que acham que são o “Israel Espiritual”, existe até uma advertência no Livro de Apocalipse:

"Conheço a tua tribulação e a tua pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos que dizem ser judeus, e não o são, porém são sinagoga de Satanás” (Apoc. 2:9).

“Eis que farei aos da sinagoga de Satanás, aos que se dizem judeus, e não o são, mas mentem, eis que farei que venham, e adorem prostrados aos teus pés, e saibam que eu te amo” (Apoc. 3:9).

Note que nestes dois versículos Jesus se expressa como se estivesse falando com uma igreja composta por judeus. E é, realmente, o que esta passagem quer transmitir. Então, não adianta os gentios ostentarem orgulho, e achar serem melhores e mais importantes que os judeus.

Paulo disse, no capítulo 11 da sua Carta aos Romanos, que o que foi enxertado na Videira não é maior do que os ramos verdadeiros. Jesus é a Oliveira, a Videira Verdadeira. Os judeus são os ramos e nós, gentios, somos filhos adotivos (enxertados). E está mais do que claro que a salvação vem dos judeus.

“Logo, pergunto: Porventura tropeçaram de modo que caíssem? De maneira nenhuma, antes pelo seu tropeço veio a salvação aos gentios, para os incitar à emulação (rivalidade, soberba). Ora se o tropeço deles é a riqueza do mundo, e a sua diminuição a riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude! Mas é a vós, gentios, que falo; e, porquanto sou apóstolo dos gentios, glorifico o meu ministério, para ver se de algum modo possa incitar à emulação (rivalidade) os da minha raça (judeus) e salvar alguns deles. Porque, se a sua rejeição é a reconciliação do mundo, qual será a sua admissão, senão a vida dentre os mortos? Se as primícias são santas, também a massa o é; e se a raiz é santa, também os ramos o são. E se alguns dos ramos foram quebrados, e tu, sendo zambujeiro, foste enxertado no lugar deles e feito participante da raiz e da seiva da oliveira, não te glories contra os ramos; e, se contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti. Dirás então: Os ramos foram quebrados, para que eu fosse enxertado. Está bem; pela sua incredulidade foram quebrados, e tu pela tua fé estás firme. Não te ensoberbeças, mas teme; porque, se Deus não poupou os ramos naturais, não te poupará a ti”.

O Livro do Apocalipse está mais para os judeus, que para nós, gentios. Parte dos dois últimos capítulos desse livro retratam claramente o que está profetizado nos capítulos 40 a 48 do Livro de Ezequiel.

O preconceito dos cristãos contra os judeus foi tamanho, que chegou até mesmo a influenciar a própria Teologia Católica e Protestante. Um caso que posso citar é quanto à questão do selamento dos 144 mil judeus salvos, descritos no capítulo 7 de Apocalipse. A interpretação dos teólogos gentios foi tão tendenciosa, que até hoje se concebe que esses 144 mil judeus salvos serão os pregadores do Evangelho do Reino durante a chamada “Grande Tribulação”, e que inclusive poderão morrer como mártires. Esse tipo de interpretação é puro absurdo, além de ser totalmente tendencioso e preconceituoso. No livro de Apocalipse não se fala de arrebatamento de crentes gentios. O único arrebatamento (selamento) de que se fala são dos 144 mil judeus. O número 144 é múltiplo de 12. E 12x12 é 144. Os números 12 e 144 estão relacionados à Cidade Santa, a Nova Jerusalém. Portanto, isso indica que os judeus selados, serão arrebatados para habitar na Cidade Santa. Se você quiser saber o destino dos 144 mil judeus selados, leia o capítulo 14 de Apocalipse.

“Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor, para que descansem de seus trabalhos, pois as suas obras os acompanham”.

Estes, sim, são os crentes gentios que morrerão como mártires.

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Agora, voltando ao assunto do livro de Cantares, quero salientar que é dificílimo interpretar um livro quando não se tem uma base cultural da língua em que o mesmo foi escrito ou do povo para o qual o livro foi designado. Sei que existem teólogos que batem no peito, e afirmam que entendem de tudo sobre o Livro de Cantares, e muitas das vezes, nem mesmo entendem bem de gramática da Língua Portuguesa, que dirá da língua hebraica! Porém, se você se bitolou em idéias tendenciosas de outros autores a respeito desse livro, você poderá ler 50 vezes o livro, mas não o compreenderá, simplesmente porque você o lê de olhos vendados.

O Livro de Cantares é um poema lírico, onde se observa muita ênfase ao erotismo, isto é, ênfase ao amor carnal. Escrito poeticamente em forma de canto, é uma verdadeira peça teatral, onde vários personagens participam da trama, dialogando em forma de canto. O tema do livro é o “amor” (8:5-7). Contém, realmente, belíssimos versos de amor e erotismo. Porém, o problema é que o pretendente do drama está a seduzir a pessoa errada, uma garota, adolescente. É de grande valor cultural para os judeus, mas tem algo de estranho no mesmo. Se não, vejamos.

“Teve Salomão uma vinha em Baal-Hamom; arrendou essa vinha a uns guardas; e cada um lhe devia trazer pelo seu fruto mil peças de prata”. (Cant. 8:11).

Foi nessa bendita vinha que começou a história da sedução da menor. Se este drama foi baseado em fato fictício há de se questionar; mas se foi um fato verídico há de se questionar mais ainda, visto ter sido o envolvimento do homem mais sábio do mundo com uma garota adolescente e, além disso, por ter sido um romance proibido, que no final de tudo nem mesmo se consumou o casamento.

Participam do drama a menina adolescente (a sulamita ou sunamita, de nome Abisague), o pretendente (amante, sedutor), as “filhas de Jerusalém”, os irmãos da jovem e um narrador, que de vez em quando interrompe o cântico e faz algumas observações.

Sei que na cultura antiga dos hebreus não acontecia casamento de uma adolescente em idade precoce com um homem adulto, como acontece na cultura árabe, onde o casamento é arranjado e só consumado com o pagamento do dote.

Na cultura hebraica antiga a filha mais nova não podia casar-se antes da mais velha. E a maior idade para o homem era 30 anos. Podemos observar que os patriarcas bíblicos contraíram esposas quando estavam com idade entre 30 e 40 anos. Depois que o povo passou pelo cativeiro persa e babilônico, a população dos hebreus foi reduzida drasticamente. Os rabinos, responsáveis pela tradição oral da Toráh, determinaram a idade mínima para contrair matrimônio: os jovens, entre 17 e 18 anos; as moças, entre 13 e 14 anos. No final do século II (era Cristã), os rabinos judeus resolveram escrever os ensinamentos da Toráh que eram transmitidos oralmente. Esses ensinamentos orais deram origem ao Talmud, que é a tradição oral da Toráh, transcrita para o papel. Depois do século XIX, a idade mínima para os jovens hebreus contrair matrimonio foi alterada novamente.

Para os teólogos judeus, o Cântico dos Cânticos retrata o amor íntimo entre Israel (a moça jovem) e Jeová (o pretendente). Já os teólogos cristãos e protestantes espiritualizam demasiadamente o romance, e chegam a afirmar que o drama vivido no livro retrata o amor íntimo entre a Igreja (a noiva) e o seu amado, Jesus Cristo (o noivo). Essa última comparação é a pior de todas. O único amor que deve ser expresso entre Cristo e sua Igreja é o amor ágape, não este amor lascívio.

Dizem alguns eruditos que a prova da inspiração divina de um livro do Antigo Testamento é quando ocorre a sua citação nos livros do Novo Testamento. No entanto, existe alguma citação de trechos do Livro de Cantares em algum dos livros neotestamentários? Pelo que eu saiba, não existe.

“Os filhos de minha mãe indignaram-se contra mim, e me puseram por guarda de vinhas; a minha vinha, porém, não guardei” (Cant. 1:6b).

Neste trecho vemos claramente que a garota era de idade inapropriada para casamento, e os irmãos, para protegê-la do sedutor, a colocavam para tomar conta da vinha, de forma que ficasse ocupada, longe da vista do amante. Porém, ela fugia da vinha. E, em outros momentos, o sedutor adentrava também na vinha, à sua procura, e lá ocorria parte do enredo romântico e erótico retratado nos cânticos.

“Eu sou a rosa de Sarom, o lírio dos vales. Qual o lírio entre os espinhos, tal é a minha amada entre as filhas". (Cant. 2:1-2).

Quantos crentes leigos, inclusive pastores, não vi lendo estes versículos, acima, imaginado estar falando de Jesus Cristo! Pois, é a sunamita a Rosa de Sarom, e não o noivo. Portanto, quem lê Cantares na igreja deve saber interpretar texto e conhecer um pouco de gramática.

“A voz do meu amado! eis que vem aí, saltando sobre os montes, pulando sobre os outeiros. O meu amado é semelhante ao gamo, ou ao filho do veado; eis que está detrás da nossa parede, olhando pelas janelas, lançando os olhos pelas grades. Fala o meu amado e me diz: Levanta-te, amada minha, formosa minha, e vem” (Cant. 2:8-10).

Nesta parte vemos que o sedutor chega escondido à vinha e seduz a jovem.

Alguns eruditos chegam a enfatizar o caso, afirmando que o rei Salomão visitava a vinha disfarçadamente para se encontrar com a jovem sunamita. Mas, será que o rei Salomão se daria a esta baixaria? Além do mais, a jovem era uma plebéia, de Suném ou Sulém.

Alguém disse, também, que o romance entre Salomão e a Sunamita se deu enquanto era jovem, antes de ser rei. Mas, se observarmos bem, no próprio livro é dito quantas esposas e concubinas ele possuía na época desse romance: 60 rainhas (esposas), 80 concubinas e virgens sem número (Cant. 6:8). Só de rainhas e concubinas somavam 140, além das virgens, com quem ainda não havia casado.

“De noite, em meu leito, busquei aquele a quem ama a minha alma; busquei-o, porém não o achei. Levantar-me-ei, pois, e rodearei a cidade; pelas ruas e pelas praças buscarei aquele a quem ama a minha alma. Busquei-o, porém não o achei. Encontraram-me os guardas que rondavam pela cidade; eu lhes perguntei: Vistes, porventura, aquele a quem ama a minha alma? Apenas me tinha apartado deles, quando achei aquele a quem ama a minha alma; detive-o, e não o deixei ir embora, até que o introduzi na casa de minha mãe, na câmara daquela que me concebeu” (Cant. 3:1-4).

Aqui a jovem diz que saiu desesperada, à noite, a procura de seu amado. Cansou-se de procurar, até que o encontrou. Levou o amante para sua casa, e adentrou com o mesmo no leito próprio de sua mãe.

“Saí, ó filhas de Sião, e contemplai o rei Salomão com a coroa de que sua mãe o coroou no dia do seu desposório, no dia do júbilo do seu coração” (Cant. 3:11).

Salomão teve 700 mulheres princesas e 300 concubinas. Esse desposório de que fala o texto acima não se refere a esta jovem menor de idade. Desposório é promessa de casamento, é noivado. Não se trata, também, da primeira pretendente de Salomão, como muitos poderiam pensar; porque isso seria forçar a uma interpretação tendenciosa.

Alguns eruditos afirmam que, apesar das 1000 mulheres que Salomão teve, apenas uma era a sua preferida: a sulamita, retratada neste romance (6:13). Porém, esta sulamita não tem nada a ver com esposa, noiva ou concubina. É impossível que, de 1000 mulheres, apenas uma fosse a preferida. A forçação de barra é tamanha, que só faltam dizer que, apesar de Salomão ter 1000 mulheres, apenas uma era sua verdadeira esposa, simplesmente querendo justificar a espiritualização ou sacralização do texto.

O próprio enredo sugere também que Salomão tinha apenas uma preferida entre todas. Mas isso não condiz com a realidade. Isso é possível em contos românticos, mas não na vida real. Como centenas de mulheres permitiriam o marido ter preferência apenas por uma dentre elas? Na verdade, este caso da sulamita é um caso à parte; é uma paixão doentia, por uma jovenzinha bela e formosa. Os homens sempre foram fascinados por moças jovens, virgens e formosas desde o início do mundo. Até mesmo o rei Davi, já velho, prestes a morrer, os seus amigos lhe trouxeram uma bela jovem, bonita e formosa para dormir com ele no seu leito. O prazer de ver uma jovem linda e formosa despida era melhor do que receber os cuidados de uma esposa amável e experiente.

“Há sessenta rainhas, oitenta concubinas, e virgens sem número. Mas uma só é a minha pomba, a minha imaculada; ela é a única de sua mãe, a escolhida da que a deu à luz. As filhas viram-na e lhe chamaram bem-aventurada; viram-na as rainhas e as concubinas, e louvaram-na” (Cant. 6:8-9).

Apesar de no quarto capítulo o cântico se referir a “véu” e “minha noiva”, o contexto nos mostra que a narrativa não se trata de uma cerimônia de casamento. Além do mais, o verso 16 deixa claro o local onde se dava a cena: “Levanta-te, vento norte, e vem tu, vento sul; assopra no meu jardim, espalha os seus aromas. Entre o meu amado no seu jardim, e coma os seus frutos excelentes!” Repare, também, que a moça é chamada poeticamente de “jardim fechado”, fazendo referência ao local onde se encontravam.

No quinto capítulo é retratado novamente o drama da vinda escondida do sedutor, à noite, e do seu desaparecimento repentino, sem despedida, que leva a jovem “seduzida” ao desespero. Se o sedutor fosse realmente o seu noivo, não haveria motivos para esse desespero. Isso só ocorre quando a sedução é proibida e escondida.

“Encontraram-me os guardas que rondavam pela cidade; espancaram-me, feriram-me; tiraram-me o manto os guardas dos muros” (Cant. 5:7).

Como poderiam os guardas maltratar a moça, sabendo que era noiva do Rei Salomão?
O próximo trecho mostra-nos que a sulamita não era noiva coisa nenhuma, mas apenas uma jovem adolescente que fora seduzida por um amor impossível.

“Ah! quem me dera que foras como meu irmão, que mamou os seios de minha mãe! quando eu te encontrasse lá fora, eu te beijaria; e não me desprezariam!” (Cant. 8:1).

Beijar o próprio irmão não era coisa indecorosa; beijar o noivo até poderia ser tolerado. Mas beijar um homem que não fosse reconhecidamente seu noivo seria algo digno de repúdio.

“Debaixo da macieira te despertei; ali esteve tua mãe com dores; ali esteve com dores aquela que te deu à luz”. (8:5b).

Neste trecho, mais uma dica do local dos encontros.

Agora, no desfecho final é descrito a idade da jovenzinha pelos seus próprios irmãos.

“Temos uma irmã pequena, que ainda não tem seios (ISTO É, QUE AINDA NÃO TEM OS SEIOS TOTALMENTE FORMADOS); que faremos por nossa irmã, no dia em que ela for pedida em casamento? Se ela for um muro, edificaremos sobre ela uma torrezinha de prata; e, se ela for uma porta, cercá-la-emos com tábuas de cedro”. (Cant. 8:8-9).

Poderíamos forçar a interpretação e afirmar que essa “irmã pequena” trata-se da irmã menor da sulamita. Mas, o verso 10 revela quem é essa “irmã pequena”: a própria sulamita.

Imaginam que “dei um tiro pela culatra” ao fazer tal declaração! Imaginação fértil, não?! Para toda afirmação que parece ser absurda deve haver uma explicação.

No entanto, a interpretação corriqueira é a de que essa “irmã pequena” seria uma outra irmã da sulamita, cuja preocupação dos irmãos agora seria dobrada, a fim de protegê-la e não deixá-la ser mal-falada perante a comunidade.

Se o livro de Cantares é uma montagem, para muitos desatentos ela é tão perfeita que algumas incoerências passam despercebidas; para o bom investigador, porém, há muitas brechas que evidenciam alguma imperfeição da obra.

A SULAMITA NÃO TINHA UMA IRMÃ PEQUENA, PORQUE ELA ERA FILHA ÚNICA, por isso, sua mãe e seus irmãos a protegiam com tanta preocupação.

“Mas uma só é a minha pomba, a minha imaculada; ela é a única de sua mãe, a escolhida da que a deu à luz” (Cant. 6:9a).

Em algumas versões o texto diz “a predileta da que a deu à luz”. Porém, subentende-se que ela era “única” no sentido de ser só ela do sexo feminino, e não porque era a “queridinha” de sua mãe.

Uma coisa deve ficar clara: Este Livro de Cantares de Salomão tem, sim, grande valor cultural e literário. Porém, do ponto de vista espiritual não tem muito valor. Se for retirado este livro do rol dos livros sagrados, não fará nenhuma falta. Se ele está inserido na Bíblia, deve ser porque tem algum valor espiritual. Mas fica difícil determinar que tipo de valor espiritual deve ser ensinado com este romance (se é que me entendem). Pelo menos para os casais deve ter o seu valor, como a valorização do relacionamento matrimonial monogâmico. Mas questiono: como valor de relacionamento matrimonial monogâmico, se o contexto da história é relacionado com um noivo polígamo? Se ainda insistir, deve haver algum valor espiritual, mas não entre Cristo e sua Igreja ou de Israel e Jeová.

Talvez o Livro de Cantares tenha sido tão aplaudido pelos hebreus porque naquela época não havia nenhum romancista conhecido que fizesse semelhante obra. Para os hebreus daquela época, um romance dessa natureza era considerado uma relíquia. Porém, se o surgimento desse livro tivesse acontecido nos dias atuais, não passaria de mais um dos belos romances que de vez em quando são lançados.


Concluindo, essa sulamita não pode ser retratada como a nação de Israel, a noiva de Jeová, porque esta nação está mais para prostituta que para moça pura e recatada. Israel é tratado na Bíblia como uma mulher prostituta. Para saber mais sobre esta condição basta ler o Livro do profeta Oséias.

Quanto à interpretação cristã, de que a sulamina é uma representação da Igreja de Cristo, a noiva, também não convém. É interpretação forçada, para tentar encaixar uma coisa absurda com o contexto do Novo Testamento. Israel continua sendo a menina dos olhos de Jeová, e não nós, os gentios.

Trazendo o drama do Livro de Cantares para os dias atuais, poderíamos até afirmar que esse cântico retrata o perfil de um pedófilo, que dentre centenas de mulheres, prefere uma jovem adolescente, que não tinha nem os seis formados.

FIM (1)

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Não pesquisei muito a respeito das opiniões dos eruditos sobre o Livro de Cantares de Salomão. Mas, se alguém quiser ler algo mais a respeito desse livro, deixo aqui alguns sites:

PARA LER DISCUSSÃO INFRUTÍFERA

http://www.lideranca.org/cgi-bin/index.cgi?action=forum&board=teologia&op=display&num=1534

COMENTÁRIOS

http://www.jornaldosamigos.com.br/cantares_de_salomao.htm

http://ministeriocesar.blogspot.com/2009/06/voce-conhece-biblia-cantares-de-salomao.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A2ntico_dos_C%C3%A2nticos

O MELHOR COMENTÁRIO SOBRE OS CÂNTICOS

http://www.teologiaclub.com/canticos.htm
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Acrescento, ainda, três opiniões a respeito do Livro Cântico dos Cânticos:

“Salomão foi visitar sua vinha no norte e lá conheceu uma donzela Sulamita (de Sulém). Bela e gentil, ele se apaixona. Como ela não o quer de início, ele volta mais tarde disfarçado de pastor e a conquista. Depois volta e a leva para Jerusalém, onde se casa com ela e a transforma em rainha”. (Dr. Hass, escritor).

Será que Salomão transformou uma camponesa, plebéia, em rainha?

“Salomão se apaixona por Abisague, a moça formosa de Sulém (1 Rs 2.13-25), antes de ser rei, quando a viu no palácio de seu pai Davi; não se casou com ela por ser plebéia e camponesa, daí idealizou em sua mente um romance ideal”. (Ocir de Paula Andreata, psicólogo).

Como um polígamo poderia escrever sobre pureza monogâmica?

E por último, palavra do rabino Akba:

"Nenhum homem em Israel jamais tem contestado que o Cântico de Salomão não profana as mãos. Porque no mundo inteiro não existe nada a igualar o dia no qual o Cântico de Salomão foi dado a Israel. Todos os escritos são santos, mas o Cântico dos Cânticos é Santíssimo...." (MISHNA YADAIM 3.5).

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COMENTÁRIO DO CONCISO DICIONÁRIO BÍBLICO A RESPEITO DO LIVRO “CÂNTICO DOS CÂNTICOS”, DE SALOMÃO.

<< CÂNTICO DE SALOMÃO, o cântico incomparável. O acréscimo “de Salomão” não consta no original. Amor é o tema do livro (8:5-7); se, porém, esse amor deve ser considerado como humano, ou como símbolo do amor de Jeová e seu povo Israel, ou de Cristo e sua Igreja, é de fato o problema que deixa perplexos os críticos da Bíblia. A última opinião é a dos teólogos da igreja primitiva, e opiniões semelhantes se mantêm nos tempos modernos. Muitos acham que o livro seja uma série de cânticos de amor, “pérolas formosas no mesmo fio”; a observação nos costumes de casamento na Síria sugere uma teoria a respeito daquilo que constitui esse fio. Nos sete primeiros dias da vida conjugal (REPERE QUE NÃO SÃO DIAS DE NOIVADO – GRIFO MEU) o jovem par é tratado como rei e rainha. No dia do casamento, a noiva dança (cf. 6:13) enquanto os espectadores louvam-na com cânticos (cf. 7:1-7). Durante os dias restantes, cânticos semelhantes são cantados, nos quais o esposo louva sua esposa (cf. 4:1-7) e vice-versa (cf. 5:2-16 ou, pelo menos 10-16). No dia seguinte ao do casamento, o casal é homenageado e entronizado numa espécie de trenó, usado para debulhar cereais. O trono é todo atapetado e cheio de almofadas (cf. 3:6-11). Presume-se que o noivo é comparado a Salomão, o maior rei conhecido até então, enquanto a noiva se chama Sulamita (MAS ESTE NÃO É SEU NOME PRÓPRIO, POIS É UM ADJETIVO PÁTRIO – GRIFO MEU) (cf. 6:13), isto é, Abisague, a sunamita (Suném é o mesmo lugar que Sulão), a moça mais formosa em Israel (MAS NÃO ERA HEBRÉIA, ERA UMA PLEBÉIA – GRIFO MEU) (I Reis 1:3,4; cf. Cant. 1:8; 5:9; 6:1). As “filhas de Jerusalém” são as moças da aldeia que prestam homenagem a rainha, enquanto os sessenta valentes (3:7) são os amigos do noivo. (Sansão teve somente trinta companheiros, Jui. 14:11). Sob essa teoria, o livro nos revelaria algo da vida doméstica de Israel (OU DOS SÍRIOS? – GRIFO MEU) e seria um quadro paralelo ao idílio de Rute (MAS NÃO TEM NADA DE IDÍLIO, NÃO – GRIFO MEU). Seu tema seria o amor conjugal.

Talvez o Cântico ainda não tenha divulgado o seu segredo. Seja qual for a idéia do livro, é impossível que se não sinta o encanto da sua poesia e o intenso amor para com a natureza, que nele sobressai. O poeta aprecia a natureza na sua vida renovada da primavera, quando a terra está radiante de flores e a atmosfera impregnada de perfume (2:11-13). Os encantos da natureza são aumentados pela variedade da vida animal na terra: as pombas arrulhando nas fendas dos penhascos ou se assentam junto as correntes das águas (2:14; 5:12); as ovelhas que sobem do lavadouro brancas como a neve, e as cabras que pastam no monte Gileade (4:1; 6:5); as gazelas que pulam nas colinas e se apascentam entre os lírios (2:9; 4:5); as raposinhas “que fazem mal às vinhas” (2:15); até os mais temíveis leões e leopardos que têm suas moradas nos montes (4:8). (LEMBRE-SE QUE ESTA PARTE É APELO TEOLÓGICO, APOLOGÉTICO, PARA DAR SENTIDO PELO MENOS DE VALOR MATERIAL AO LIVRO – GRIFO MEU). >>

FIM (2)

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